terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

*Grandes mestres da MPB: Luiz Gonzaga

É com muito orgulho que trago para esta coluna dominical um pouco da história daquele que é um dos maiores nomes da música e cultura popular deste país de todos os tempos, Luiz Gonzaga do Nascimento, conhecido como Gonzagão ou Rei do Baião.

O homem nasceu na fazenda Caiçara, no sopé da Serra de Araripe, zona rural de Exu, sertão de Pernambuco, local que tive a oportunidade de conhecer pessoalmente. O lugar seria revivido anos mais tarde em "Pé de Serra", uma de suas primeiras composições. Seu pai, Januário, trabalhava na roça, e nas horas vagas tocava acordeão (também consertava o instrumento). Foi com ele que Luiz Gonzaga aprendeu a tocar.

Antes dos dezoito anos, apaixonou por Nazarena, uma moça da região e, repelido pelo pai dela, o coronel Raimundo Deolindo, ameaçou-o de morte, o que lhe rendeu uma sua por parte dos pais.

Revoltado, Luiz fugiu de casa e ingressou no exército em Crato, Ceará. A partir dali, viajou por vários estados brasileiros, como soldado.

Em 1939, deu baixa do Exército no Rio de Janeiro, decidido a se dedicar à música. Na então capital do Brasil, começou por tocar em bordéis e casas de show sem muita reputação. No início, apenas solava acordeão (instrumentista) tocando choros, sambas, fox e outros gêneros da época. Seu repertório era composto basicamente de músicas estrangeiras que apresentava, sem sucesso, em programas de calouros.

Apresentava-se com o típico figurino do músico profissional: paletó e gravata. Até que, em 1941, após certo reconhecimento, foi contratado pela Rádio Nacional e lá conheceu o acordeonista gaúcho Pedro Raimundo, que usava os trajes típicos da sua região. Foi desse contato que surgiu a ideia de apresentar-se vestido de vaqueiro, figurino que o consagrou como artista.

Em 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou sua primeira música como cantor, no estúdio da RCA Victor: a mazurca Dança Mariquinha em parceria com Saulo Augusto Silveira Oliveira.

Também em 1945, uma cantora de coro chamada Odalisca Guedes deu à luz um menino. Luiz Gonzaga tinha um caso com a moça, iniciado provavelmente quando ela já estava grávida, e assumiu a paternidade do rebento, adotando-o e dando-lhe seu nome, Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior. Gonzaguinha foi criado pelos seus padrinhos, com a assistência financeira do artista.

Em 1946 voltou pela primeira vez a Exu e o reencontro com seu pai é narrado em uma de suas composições mais famosas e emocionantes, Respeita Januário, parceria com Humberto Teixeira. Em 1948, casa-se com a professora pernambucana Helena Neves Cavalcanti e ambos adotaram uma menina que foi batizada com o nome Rosa do Nascimento, a Rosinha.

Seu maior sucesso, "Asa Branca" foi gravado em 1947 e desde então foi regravado por diversos artistas. Em 1954 teve seu auge de popularidade, e conseguiu um sucesso avassalador que lançou a moda do baião e do acordeom para todo o Brasil e até internacionalmente. Depois disso, com a ascensão da bossa nova, se afastou um pouco dos grandes centros e passou a se apresentar em cidades do interior, onde sempre continuou extremamente popular.

Nos anos 70 e 80 foi voltando à cena, em muito graças às releituras de sua obra feitas por artistas como Geraldo Vandré, Caetano Veloso, Gilberto Gil, seu filho Gonzaguinha e Milton Nascimento. Algumas de suas músicas mais conhecidas são Vozes da Seca, Algodão, Danado de Bom, Tá Bom Demais, O Xote das Meninas, Juazeiro, Asa Branca, Respeita Januária entre muitas outras.

O mestre Gonzagão partiu dia 2 de agosto de 1989 vítima de parada cardiorrespiratória no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte e posteriormente sepultado em seu município natal.

Nota do colunista – Nasci em Crato, interior do Ceará, cidade encravada no Pé da Serra do Araripe, muito próxima a Exu e desde criança ouço Gonzagão por influencia dos meus pais. Meu pai, inclusive, define bem o que o mestre Luiz Gonzaga representa para o povo local. “Ele era o rei do nordeste, o reio do baião. De longe se via o chapéu do homem, de perto ele se fazia brilhar”.
 
Da coluna Aperte o Play! Editada semanalmente no jornal Primeira Página
(Com informações retiradas da internet)

Um comentário:

  1. Excelente post ... relembrar o 'Velho Lua' é sempre bom! Um de nossos maiores gênios!!! Recentemente fiz uma postagem em meu blog sobre o mesmo... ele merece todas as homenagens possíveis!!!

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