segunda-feira, 21 de março de 2011

Grandes Mestres da MPB – Chico Buarque de Hollanda*

Francisco Buarque de Hollanda, mais conhecido como Chico Buarque, nasceu no Rio de Janeiro em 19 de junho de 1944. Filho de Sérgio Buarque de Holanda, um importante historiador e jornalista brasileiro e de Maria Amélia Cesário Alvim, passou a morar em São Paulo em 1946, quando o pai assumiu a direção do Museu do Ipiranga. Desde pequeno, Chico sempre revelou interesses pela música - interesse que foi bastante reforçado pela convivência com intelectuais como Vinicius de Moraes e Paulo Vanzolini.

Em 1953, Sérgio Buarque de Hollanda foi convidado para lecionar na Universidade de Roma, consequentemente, a família muda-se para a Itália. Nessa época, suas primeiras "marchinhas de carnaval" são compostas, e, com as irmãs mais novas, Piiizinha, Cristina e Ana, encenadas.
De volta ao Brasil, produz suas primeiras crônicas no jornal Verbâmidas, do Colégio Santa Cruz, nome criado por ele. Sua primeira aparição na imprensa não foi cultural, mas policial, publicada, inclusive, no jornal Última Hora, de São Paulo. Com um amigo, furtou um carro para passear pela madrugada paulista, algo relativamente comum na época. Foi preso. "Pivetes furtaram um carro: presos" foi a manchete no dia seguinte com uma a foto de dois menores com tarjas pretas nos olhos. Chico não pôde mais sair sozinho à noite até que completasse 18 anos.

CARREIRA - Chico Buarque chegou a ingressar no curso de Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU) em 1963. Cursou dois anos e parou em 1965, quando começou a se dedicar à carreira artística. Neste ano, lançou Sonho de Carnaval, inscrita no I Festival Nacional de Música Popular Brasileira, transmitida pela TV Excelsor, além de Pedro Pedreiro, música fundamental para experimentação do modo como viria a trabalhar os versos, com rigoroso trabalho estilístico morfológico e politização, mais significativa na década de 70. A primeira composição séria, Canção dos Olhos, é de 1961.

Chico se revelou ao público brasileiro quando ganhou o mesmo Festival, no ano seguinte (1966), transmitido pela TV Record, com “A Banda”, interpretada por Nara Leão (empatou em primeiro lugar com “Disparada”, de Geraldo Vandré). No entanto, Zuza Homem de Mello, no livro “A Era dos Festivais - Uma Parábola” revelou que “A Banda” venceu o festival. O musicólogo preservou por décadas as folhas de votação do festival. Nelas, constam que a música a banda ganhou a competição por 7 a 5. Chico, ao perceber que ganharia, foi até o presidente da comissão e disse não aceitar a derrota de “Disparada”. Caso isso acontecesse, iria na mesma hora entregar o prêmio ao concorrente.

No festival de 1967 faria sucesso também com “Roda Viva”, interpretada por ele e pelo grupo MPB-4 - amigos e intérpretes de muitas de suas canções. Em 1968 voltou a vencer outro Festival, o III Festival Internacional da Canção da TV Globo como compositor, em parceira com Tom Jobim, com a canção “Sabiá”. Mas desta vez a vitória foi contestada pelo público, que preferiu a canção que ficou em segundo lugar: “Pra não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré.

A participação no Festival, com A Banda, marcou a primeira aparição pública de grande repercussão apresentando um estilo amparado no movimento musical urbano carioca da Bossa nova, surgido em 1957. Ao longo da carreira, o samba e a MPB também seriam estilos amplamente explorados por Chico.
Chico participou como autor e compôs várias canções de sucesso para o filmes que fizeram muito sucesso como Quando o Carnaval chegar, musical de Cacá Diegues. Adaptou canções de uma peça infantil para o filme Os Saltimbancos Trapalhões do grupo humorístico Os Trapalhões e com interpretações de Lucinha Lins, a peça Morte e Vida Severina e fez outros inúmeros trabalhos relacionados.

TEATRO E LITERATURA - Escreveu também várias peças de teatro, entre elas Roda Viva (proibida), Gota d'Água, Calabar (proibida), Ópera do malandro e alguns livros: Estorvo, Benjamim, Budapeste (que deu origem ao filme homônimo e contou também com a participação especial do escritor) e Leite Derramado.

PROGRAMAS DE TELEVISÃO - Deixou de participar de programas populares de televisão, tendo problemas com o apresentador Chacrinha, que teria feito uma piada com a letra da canção Pedro Pedreiro, ao ouvir o ensaio. Irritado, Chico foi embora e nunca se apresentou no programa. O executivo Boni proibiu qualquer referência a Chico durante a programação da TV Globo, depois que ambos também tiveram um entrevero, mas por pouco tempo, uma vez que ainda durante a década de 1970 (e o começo da de 80) músicas suas constavam das trilhas de várias telenovelas, como Espelho Mágico e Sétimo Sentido. Ao fim da proibição vários anos depois, Chico aceitou fazer um programa com Caetano Veloso, que contou com a participação de outros artistas.

A CRÍTICA À DITADURA - Ameaçado pelo Regime Militar no Brasil, esteve auto-exilado na Itália em 1969, onde chegou a fazer espetáculos com Toquinho. Nessa época teve suas canções Apesar de você (que dizem ser uma alusão negativa ao presidente Emílio Garrastazu Médici, mas que Chico sustenta ser em referência à situação) e Cálice proibidas pela censura brasileira.
Seu retorno ao Brasil é marcado pelo "barulho" organizado por recomendação de Vinicius de Moraes: muita gente o esperando no aeroporto, manifestações de amigos, entrevistas à imprensa e um show marcado na boate Sucata para lançar seu quarto LP, um disco de transição, gravado em circunstâncias complicadas. Durante os anos 70, afasta-se do samba tradicional, variando mais a linha das composições e revelando novas influências como a toada, em Rosa dos ventos, até o iê-iê-iê italiano em Cara a cara. A mudança se reflete também nas letras, nas quais ele parece desvencilhar-se explicitamente do lirismo nostálgico e descompromissado que antes parecia identificá-lo.

Compõe Apesar de você, uma resposta crítica ao regime ditatorial no qual o país ainda estava imerso. Surpreendentemente, a música passaria incólume pela censura prévia e se tornaria uma espécie de hino da resistência à ditadura. Depois de vender cerca de 100 mil cópias, a canção é censurada, o disco é retirado das lojas e até a fabrica da gravadora é fechada. Para o público, não havia dúvidas: o "você" da música era o general Emílio Garrastazu Médici, então presidente da República, em cujo governo foram cometidas as maiores atrocidades contra os opositores do regime. Ao ser interrogado sobre quem era o "você" da canção, Chico responde: "É uma mulher muito autoritária". Após este episódio, o cerco às suas composições endurece.

Em 1980, fecha contrato com a gravadora Ariola, após doze anos de Polygram. Por ironia do destino, a própria Polygram compraria a Ariola no ano seguinte. A pedido da bailarina Marilena Ansaldi, faz as músicas para a peça Geni.Participa da festa do Avante, órgão oficial do Partido Comunista Português, e do projeto Kalunga, em Angola, onde se apresenta, com mais 64 artistas brasileiros, por todo o país. A renda dos shows é destinada à construção de um hospital.

No início dos anos 90 lança seu primeiro romance, Estorvo, publicado pela Companhia das Letras, com o qual ganha o "Prêmio Jabuti de Literatura". Os direitos de publicação de Estorvo são rapidamente vendidos para sete países: França, Itália, Inglaterra, Alemanha, Espanha, Estados Unidos e Portugal. Neste último, a venda atingiu 7.500 exemplares em apenas três dias, surpreendendo a Editora Dom Quixote.

Nos anos 2000 Chico se manteve distante dos holofotes lançando diversas coletâneas com antigos sucessos e parcerias. Deste de então raramente Chico faz shows. Atualmente, Chico Buarque é considerado o maior nome da MPB no Brasil, fato que é bastante discutido por muitos fãs e imprensa pois o artista se mostra cada vez mais distante do seu público. As críticas aumentaram ainda mais recentemente quando em uma de suas ultimas turnês os valor dos ingressos custavam muito mais do que um salário mínimo. Isso levou muita gente a questionar o sentido da sigla MPB (Música Popular Brasileira). Fora isso, Chico é um dos maiores nomes da música mundial e peça fundamental quando se fala em música brasileira.

*Da coluna Aperte o Play! Editada semanalmente no jornal Primeira Página
(Com informações e fotos retiradas da internet)

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