A alguns dias atrás, a coluna teve a oportunidade de conversar com um dos maiores ícones da música independente do Brasil, o grande Nenê Altro, líder do Dance of Days. O cantor falou, entre muitas outras coisas, sobre o Dance of Days, bandas novas e cena independente. Confira!
Aperte o play! - Após todos esses anos de carreira, voces ainda se sentem confortáveis tocando juntos?
Nenê Altro - Muito. Dance of Days é minha família. E eles estão presentes mais em minha vida do que qualquer outra pessoa. Após tanto tempo nos conhecemos cada vez mais e acredito que essa intimidade só gere mais conforto. Conhecemos nossas virtudes e defeitos. É como um casamento que continua a dar certo.
AP - Os anos vem e vão e o Dance of Days continua forte na cena, a que você atribui essa longevidade da banda?
NA - Somos garotos simples, com uma proposta simples e honesta. Não somos ambiciosos no sentido comum de ambição, mas sim no de que queremos ser mais e mais ouvidos. Acreditamos em nossa proposta e no que temos a dizer. E nunca sentimos que já dissemos o suficiente. Sempre decidimos tudo em conjunto e traçamos objetivos comuns.
AP - Onde vocês buscam inspiração para continuar compondo?
NA - Viemos da mesma escola e somos uma banda punk. Sempre trocamos novidades, mas sempre acabamos escutando os mesmos discos nas viagens. Os discos saem quando sentimos que tem que sair, que alguma coisa precisa ser dita. Acho que por isso são tão sinceros. Não agradamos a todos pois esse nunca foi nosso objetivo. Queremos agradar a nós mesmos pois, acima de tudo, temos prazer em viver como vivemos e em tocar a nossa música.
AP - O Dance of Days é um dos grandes nomes da cena no Brasil nos últimos anos, mas se mantém na cena independente. Isso acontece por opção da banda? Vocês já foram procurados por algum selo mais famoso?
NA - Sim, a independência sempre foi uma opção. Já tivemos propostas, já pensamos se isso ajudaria ou não a divulgar nossa mensagem mas a resposta sempre foi não. Não acreditamos numa mensagem sem espírito. Mensagens por mensagens são apenas palavras e não nos sentimos apenas uma banda. Não temos nada contra as bandas que assinaram nem tampouco contra os selos que nos estenderam as mãos. Apenas não era pra gente e, por piores que tenham sido nossas fases pessoais nas épocas (problemas financeiros, depressão, frustrações e etc.), a resposta final sempre veio de nossos corações. Não estamos independentes. SOMOS. Com o tempo pararam de nos procurar...
AP - Como é o relacionamento do DOD com as bandas mais novas, visto que vocês estão sempre tocando em parceria com outras bandas?
NA - Não julgamos ninguém. Cada um com seu trabalho e com sua proposta. Tem muita gente com propostas boas surgindo, com as quais identificamos nosso trabalho, bem como tem muita gente que não tem nada a ver com a gente. Mas, se nos respeitam nós as respeitamos. Não temos os mesmos objetivos nem almejamos seu público. Cuidamos dos nossos, sabemos o que queremos. E sabemos com quem podemos contar e até que ponto podemos contar com essas pessoas.
AP - Nenê, você tem outros dois projetos musicais e ainda organiza diversos movimentos, como você consegue organizar o tempo?
NA - E quem disse que eu consigo? rsrsrsÉ só ver o tempo que levei pra responder essa entrevista. O fato é: sou uma pessoa inquieta e sinto sempre que tenho pouco tempo e que quero mais, dizer mais, viver mais, quebrar mais vidraças e atingir mais horizontes. Acho que essa hiperatividade é o que me leva a querer fazer tantas coisas ao mesmo tempo.
AP - Quais são os principais objetivos e metas do DOD para o futuro?
NA - Vamos continuar na estrada. Sempre. Não vivemos sem isso. No segundo semestre lançaremos a edição comemorativa de 10 anos do álbum “A História Não Tem Fim”, junto com um dvd e um documentário sobre como foi a gravação do disco. Ainda estamos na tour do “Disco Preto” mas já tenho rascunhos para novas letras. Acho que sempre teremos algo a dizer.
AP - Indique três bandas que você gosta para o leitor ouvir esse ano
NA - Acho que o termômetro ideal para indicar bandas à outras pessoas é o de serem bandas que você realmente coloca para escutar em sua casa. Gosto do Jack´s Revenge de Diadema, das letras, proposta musical. Sempre leio as letras das bandas que conheço. O trabalho solo do Jair Naves também está cada vez mais impressionante. Ele evoluiu muito não só musicalmente como em sua expressão artística. E tenho acompanhado bastante os novos trabalhos do Deserdados. Acompanho eles desde o primeiro disco, lancei o segundo e acredito que tenham um bom material por vir.
Ainda não conhece a banda ou quer baixar o disco? Vem cá http://bit.ly/a2KlTd
Nenhum comentário:
Postar um comentário