quinta-feira, 9 de junho de 2011

O Blues e a história – Parte II - Robert Johnson

Na década de 30 o blues já tinha certa fama no interior dos Estados Unidos, sobretudo nas regiões onde a classe trabalhadora era mais difundida. Foi justamente nesta época que surgiu um dos nomes mais influentes e idolatrados da história do blues, o grande mestre Robert Johnson.

Nascido em 1911, negro e descendente de escravos, o pequeno Robert foi criado em uma fazenda de algodão. Assim, trabalhando no campo desde criança, teve pouca instrução, aprendendo a tocar seu primeiro instrumento, a gaita, sozinho. Quando começou a entrar na maioridade, fugiu de casa para aprender a tocar violão com outro bluseiro de primeira, Son House.

Logo passou a tocar junto com os músicos que mais o influenciaram, Charlie Patton e Willie Brown, além do próprio Son House. Juntos, perpetuavam o que se costuma chamar de country blues; o blues rural ou delta blues, pois vinham da região do delta do Mississippi.

Com vinte anos, Johnson descobriu como fazer sua guitarra chorar usando o gargalo de uma garrafa quebrada, deslizando-a pelas cordas. Já se apresentando sozinho, foi o autor de uma série de composições que retratariam diversas amarguras da vida, desde a rejeição carnal até o desconforto espiritual.

Suas letras falam de amores violentos, como em "Ramblin' On My Mind" e amores perdidos como em "Love In Vain". Com um certo senso de sutileza, ele fala sobre sexo em letras como a de "Traveling Blues", onde utiliza analogias do tipo "Squeeze my lemon till my juice runs down my leg" ("Espreme meu limão até o suco escorrer pelas minhas pernas") frase hoje mais lembrada na voz de Robert Plant quando este pertencia ao Led Zeppelin. Johnson também falava de perseguição e desespero em canções como "Me And The Devil" e "Hellbound Trail". Essas letras ajudaram amarrar a lenda de um pacto entre o diabo e o bluesman, lembrado até hoje.

A LENDA - Conta-se que Robert Johnson caminhou até uma encruzilhada em uma noite de lua nova e lá ficou parado, com um cigarro de palha na boca e seu violão na mão. Reza a lenda que quando deu meia noite, o próprio diabo em forma de homem apareceu para afinar o instrumento. Robert então teria feito um pacto com o tinhoso para que ele o tornasse o maior bluesman que já havia caminhado pela terra.

A partir daí, todos que ouvem suas músicas são encantados por ela. Na verdade Robert Johnson tocava um violão excelente e é mais provável ser a inveja, a origem das lendas que apareceram.

Johnson costumava tocar quase que de costas para o seu público. As pessoas então diziam que ele fazia isto para esconder o olhar do diabo que surgia para auxiliá-lo. Mais coerente seria supor que ele se preocupava em esconder os acordes que bolava sozinho e não queria que outros músicos na platéia o copiassem.

Por volta de 1935, ele perambulava entre as cidades dos estados de Tennessee a Arkansas. Fez uma série de gravações em 1936, que circularam pelo sul e eventualmente chegariam a ser ouvidos pelo norte do país. As canções acabariam editadas em dois álbuns, anos depois de o artista falecer. Em 1937, tocaria com ele em ocasiões esporádicas Alex Miller (Sonny Boy Williamson, o segundo), assim como Elmore James e Howlin' Wolf, mas em geral Johnson se apresentava sozinho.

Morreu, acredita-se, no dia 16 de agosto de 1938. Como toda boa lenda, existem diversos rumores para explicar sua morte, mas em geral inclina-se a acreditar que um marido ciumento colocou veneno em sua garrafa de bebida. Johnson era famoso pela atração que causava nas mulheres, como também por atrair as chamadas "mulheres erradas". Ele veio a morrer três dias depois de envenenado, sofrendo dores estomacais horríveis durante esse tempo. Isto explicaria em parte as histórias que contam dele antes de morrer, andando de quatro e uivando como um cachorro, animal muitas vezes associado com o demônio. Continua!

(As matérias são elaboradas com informações obtidas através de pesquisas na internet, livros, vídeos e histórias de amigos)

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